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A mostrar mensagens de junho, 2012

A FESTA MAIS POPULAR DO PORTO

  Crónica publicada em jornal a 27 de junho de 2011 Coligida no livro AINDA NÃO (2007) S. JOÃO DO PORTO DÁ CÁ UM BALÃO PARA EU BRINCAR ...     A melodia e os versos bailam no nosso imaginário colectivo.             Vasco Santana, que tinha tanta gordura quanto talento, e a irrequieta Beatriz Costa faziam o par de enamorados que seguia na marcha, com arco e balão, em cenas de ciumeira de trazer por casa.             Era a noite do santo popular de Lisboa. Nós, aqui no Porto, continuamos a celebrar o nascimento de S. João, o último Profeta do Antigo Testamento, cuja missão foi a de anunciar a vinda do Messias.             Com alegria a rodos, o cheiro do manjerico, o alho-porro e os balões de papel iluminados que lançamos ao céu, na madrugada do dia 24 de Junho, lá vamos rodopiando de um bailarico para o outro, no meio da algazarra dos foliões.             Todos de nariz espetado no ar, enchemo-nos de júbilo quando aqueles artefactos voadores ganham altura e se cruzam por baixo das estre

TERRIVELMENTE HUMANO

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António Marinho e Pinto Bastonário da Ordem dos Advogados Tocou-me profundamente a crónica de Marinho e Pinto, publicada no JN a 11 de Junho de 2012, com o título Terrivelmente Humano. Profundamente Humanista, reune as qualidades que todos lhe conhecemos, ainda nos bancos da Faculdade de Direito, em Coimbra. Conhecedor da História, não esquece as lições do Passado e mantém-se num permanente estado de vigilia em relação ao Presente. Homem de Letras e amante da Palavra - que domina na perfeição, por se ter dedicado também ao Jornalismo - é com Paixão que agarra os problemas que minam hoje a nossa sociedade e é com Coragem que denuncia erros, vícios e abusos que a todos podem vitimar. Abraçou a Advocacia e a OA com os valores que, de facto, devem ser os de quem veste a toga, para defender os fracos contra a prepotência, frequentemente gratuita, vã e criminosa dos fortes e poderosos. Por todas estas razões, é um dever de Cidadania fazer chegar as suas palavras escritas ainda mais longe! Ne

A GRANDE MURALHA DA CHINA

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Agosto de 2007 A Grande Muralha, uma serpente imensa e adormecida sob o calor do meio-dia.  São aos milhares os visitantes que deambulam pela grande muralha. Numa espécie de ritual, cumprem a subida penosa, debaixo de um calor asfixiante e um ar rarefeito, para que os olhos vejam, e o corpo sinta, a grandiosidade da obra.    Íngreme e árduo é subir...ainda que apenas 100 metros da Grande Muralha. E a descida também não é fácil. Mas vale a pena, pela certeza de que, diante dos nossos olhos, está uma das maravilhas do mundo!   O sol queima. Os degraus de pedre milenar são o repouso que se aproveita. Crónica publicada em jornal sob o título: CADERNOS DE VIAGEM (4) A GRANDE MURALHA: UMA NOVA MARAVILHA Dizem que é a única obra saída das mãos do homem que se avista da Lua . Também este facto foi já desmentido, há tempos, por uma missão espacial. Para o caso, é irrelevante, e não passa de mero episódio especulativo, sabe-se lá para satisfazer vaidades nacionalistas. Ao quarto dia, abal

O CAMINHO

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Depois de um almoço frugal no albergue de S. Pedro de Rates, batiam as 14 horas e o sol não dava tréguas. O ar quente permitia adivinhar a penosidade do resto do caminho, feito de pequenas estradas em terra batida, sem sombras, e a cruzar extensas propriedades, com vinha e olivais.     O João, com a bandeira portuguesa no seu bordão de peregrino; o Afonso e o Walter, brasileiro de S. Paulo, que fez o caminho francês e seguiria para Roma. Um estilo de marcha compassado, firme e inspirador. No grupo, lá estavam o bom Censo, a Adriana, a Luísa e o Zé Manel. Com Ponte de Lima à vista, lá se fez nova paragem; ficámos a ver o rio, em cascata suave, sentados num banco de jardim, como passarinhos em arame, e para ali estivemos a divagar enquanto o corpo repousava da dura provação. Novo dia. Serra da Labruja. Um a um, fomos subindo os dois últimos quilómetros íngremes e extenuantes, atravessando valas com pouco mais de vinte centímetros

O DIÁRIO DE UM PEREGRINO

IX Peregrinação Jacobeia - 2006 Algumas notas breves de um diário de peregrino                 Fazer um diário foi um dos conselhos que li, quando me preparava para fazer o Caminho. Imaginei até que seria capaz de registar com minúcia os minutos, os locais, as impressões e os estados de alma, como se estivesse num laboratório a recolher os dados de uma experiência.             Redondamente enganada.             Também entendi que, para mim, não é isso que importava. O essencial seria conhecer os meus limites, aguentar a dor física que, naturalmente, atormentaria o meu corpo desabituado de longas marchas, aceitar o companheiro que passa ao lado , pedir auxílio aos mais fortes, aceitar provações, esquecer o conforto , desligar-me, se preciso fosse, das recordações agradáveis dos lugares por onde passava agora, dolorosamente, arrastando as pernas cansadas, debaixo de um sol impiedoso.             Logo percebi que, mais importante do que elaborar um conjunto de notas cronologicamente alin